quinta-feira, 7 de maio de 2009
"Laura" por Ruana Pedrosa
É considerado um filme Noir, graças a algumas características apresentadas no filme.
Na década de 1940 surgem os filmes Noir, que se inspiram nos fortes contrastes fotográficos do expressionismo alemão e nos contos policiais da época da Grande Depressão.
“Laura” é um romance da escritora Vera Caspary, que descreve a investigação do suposto assassinato de uma jovem publicitária encontrada morta em seu apartamento. O detetive Mark McPherson começa entrevistando Waldo Lyndecker, que utiliza outro fator presente nos filmes do gênero: uso de flashbacks, retomando suas memórias de como conheceu Laura. Waldo era um famoso jornalista e foi procurado pela personagem para participar de uma propaganda de canetas, não aceitando no primeiro encontro e sendo até grosseiro com a moça procurou-a depois se tornando uma espécie de degrau para o futuro profissional da publicitária.
É apresentada assim outra característica marcante do estilo, a dualidade das personagens, não existindo pessoas inteiramente boas ou más, ou seja, a ausência do maniqueísmo.
Mark continua a investigação entrevistando o noivo da vítima Shelby Carpenter, um bom aproveitador e a tia de Laura, Ann Treadwell, onde desconfia da existência de um caso entre os dois.
Durante todo o trabalho o detetive fica fascinado por sua vítima, chegando a dormir em seu apartamento, apreciando seu retrato. Laura entra em sua casa e se assusta com o estranho que revela o que estava acontecendo. Mark descobre que a verdadeira vítima tinha sido Diane Redfern, uma modelo que também tinha um caso com o noivo de Laura. Passam a ser suspeitos o noivo, a tia, Waldo e Laura.
A investigação continua até Mark descobrir que Waldo é o assassino, cometeu o crime na intenção de matar Laura e confundiu-a com Diane. Waldo então tenta completar seu crime e é impedido por Mark, que descobre onde a arma do crime foi escondida e consegue prender o assassino e ainda fica com Laura.
O filme é um típico Noir, pois apresenta tantas outras características que o relacionam. E é agradável de assistir pelo suspense e as surpresas apresentadas na tela. A fotografia é realmente contrastante e ambígua sobre a personalidade dos personagens, digna de ser indicada e vencer ao Oscar junto de outras categorias também indicadas, mas não premiadas: Melhor Direção de Arte, Melhor Diretor, Melhor Roteiro e Melhor Ator Coadjuvante Clifton Web, Waldo.
A atuação dos atores é muito bonita, mas é um pouco difícil entender o amor que quase todos têm por Laura. Talvez o fato dela ser a femme fatale da história deixe-a mais interessante. E o fato do cinismo do Waldo é muito especial, dando comicidade a um personagem que no final do filme é o “assassino” da protagonista.
A história é urbana e retrata elegantemente os lugares onde os personagens estão, nada é alegórico ou superficial a sociedade da época.
A trilha sonora forma um bom conjunto com as imagens, principalmente a primeira música do filme “Laura” de David Raksin, que é apresentada na primeira sequência onde aparece o apartamento de Laura, seu retrato e continua com a narração de Waldo sobre sua morte.
Um filme sutil, elegante, bonito.
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