sábado, 9 de maio de 2009

"Cinderela em Paris" (Stanley Donen, 1957) por Tássia Sobreira de Melo


O filme, um exemplar do gênero musical, conta a estória de uma garota chamada Jo Stockton, interpretada por Audrey Hepburn, uma atendente de livraria, inteligente, tímida e bonita que tem sua vida modificada quando é chamada para ser modelo. Quem a descobre é o fotógrafo da famosa revista de moda americana Quality, Dick Avery, interpretado por Fred Astaire, que logo se apaixona por Jo.

O estilo de vida daqueles que se interessam pelo mundo fashion não condiz com o de Jo Stockton e ela somente aceita o trabalho como modelo para não perder a oportunidade de ir a Paris e lá conhecer o filósofo Flostre, teórico da doutrina seguida pela garota. Porém, uma vez envolvida com o trabalho, ela aprende a gostar do que faz e termina por se apaixonar por Dick Avery.

Um ponto curioso do filme é a apresentação, através da revista de moda Quality, dos bastidores da Indústria Cultural. A teoria desenvolvida pela Escola de Frankfurt aparece como ponto de crítica e ao mesmo tempo com um toque de humor. Pelas palavras da editora chefe da Quality, Maggie Prescott, interpretada pela atriz Kay Thompson, é exposto o fundamento básico para o funcionamento de uma indústria onde a cultura torna-se material de consumo: a autoridade, principalmente dos meios de comunicação, para induzir de modo imperativo o desejo na massa e assim fazer com que essa consuma um objeto tido como “novo” ou “novidade”, mas que tem como característica elementar a fugacidade - pois assim a Indústria Cultural permanece em constante renovação.

"Cinderela em Paris" é um musical romântico cuja trilha sonora foi composta por George Gershwin. As músicas são alegres e românticas, embalando e direcionando a atmosfera do filme. É interessante analisar o momento em que ocorre a união da música com a dança. É um acontecimento fantástico, fora do mundo real em que se passa a estória.

Os personagens que estão envolvidos nesse momento parecem trocar uma cumplicidade única, eles se unem para extravasar hiperbolicamente sua emoção em um instante no qual tempo parece não existir. Sim. É um instante atemporal que só existe emocionalmente para aqueles que o estão vivendo, não se tratando de uma performance –diferentemente do que se pode ver no final do filme quando Maggie e Dick fazem de fato uma apresentação, esta possui uma diferença emocional por ser intencionalmente um “show” – dança e música são expressão dos sentimentos e desejos dos personagens, formam uma unidade simbólica.

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