sexta-feira, 24 de junho de 2011

"festim diabólico", por Marco Aurélio Leal


O mestre do suspense Alfred Hitchcock, fez diversos filmes fabulosos que nos prendem a cada cena. Um dos seus melhores é Festim Diabólico, onde ele não nos assusta com fantasmas ou seres de outro mundo, e sim com o que existe de mal no ser humano. Foi baseado em fatos reais, no caso Leopold-Loeb, em que dois estudantes da Universidade de Chicago cometeram o assassinato de um jovem de 14 anos de forma bem parecida com a mostrada no filme. Seu primeiro longa colorido inspirado na peça teatral de Patrick Hamilton. E um dos melhores exemplos de um falso plano-sequencia, foi filmado em apenas 10 tomadas de oito minutos cada uma. Oito minutos de filme, para a época, era o máximo que um rolo de filme podia suportar. Boa parte dos cortes presentes entre essas tomadas são imperceptíveis (o que torna a técnica do filme ainda mais genial).

Dois jovens Brandon Shaw (John Dall) e Phillip Morgan (Farley Granger), jovens ligados não explicitamente em um caso homossexual, decidem matar David Kentley para provar para si mesmos que podem cometer um crime perfeito. Brandon é mais sádico e controlado, Phillip se apresenta mais humano e, por consequência, assustado com tudo aquilo. Essa diferença de temperamento vai ser crucial para o desenrolar da trama. A história se mostra mais monstruosa quando parentes, e inclusive a noiva de David são convidados a jantar no apartamento onde aconteceu o crime. O corpo foi escondido dentro de um baú, por ideia de Brandon o jantar será servido em cima dele.

A tensão do filme consiste na possível descoberta do cadáver de David, essa tensão aumenta gradativamente no filme a partir do momento que Brandon começa a soltar indiretas sobre o crime que ele e Phillip realizaram. Pontuando a cena com a corda e o livro e a cena em que Janet (Joan Chandler) comenta que David poderia surpreendê-la e Brandon fala que seria “um choque” com um extremo ar de cinismo. Quando o espectador acha que os assassinos não serão desmascarados eles são descobertos por fim pelo professor Rupert Cadell (James Stewart), que nota pouco a pouco o que aconteceu antes da chegada dos convidados, ele é na verdade o grande “culpado” da historia. Suas opiniões interpretadas de forma errônea dentro da classe acabaram motivando o crime. O filme termina com uma cena genial, com Phillip desolado no piano, Brandon tomando uma bebida tranquilamente e Rupert sentado, aguardando a chegada da polícia.

A busca pelo assassinato perfeito que foi buscada em tantos filmes é muito pouco para definir Festim Diabólico, se trata de um filme aparentemente limitado pelo único cenário e claustrofóbico. Revela-se, entretanto um filme extremamente dinâmico, com uma profundidade psicológica única em cada personagem. Roteiro magnífico, técnica original, atores em interpretações impecáveis, entre outros fatores, resultam em uma obra-prima de um dos mais geniais diretores de todos os tempos.

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