sexta-feira, 24 de junho de 2011

"A vida é uma dança", por Vitória Victor


Por muito tempo a mulher ocupou um papel de pouca importancia na história do cinema mundial, requisitada na maioria das vezes para ser atriz ou fazer trabalhos secundarios, porém Dorothy Arzner foi mais além do que as demais e se tornou a primeira diretora respeitada, reverenciada e reconhecida, a colocar um feminismo explícito e engajado na tela grande,e principalmente a dirigir filmes na época da Hollywood de Ouro. Dorothy iniciou sua carreira em 1922, com Sangue e Areia (Blood and sand), que obteve grande destaque, no qual trabalhou como editora para a Paramout Pictures. Seu nome aparece nos filmes mais rentáveis da Paramout durande duas décadas, aproximadamente de 1920 até 1940.

Entre seus vários longas, talvez o mais marcante tenha sido A vida é uma dança (Dance, girl, dance) de 1940, onde a diretora narra a história, já muitas vezes retratada, de duas dançarinas burlescas com seus passos de dança e suas brigas cotidianas. No entanto, o que diferencia essa película das demais, é o forte estimulo a reflexão sobre a condição feminina enquanto objeto de cobiça, a situação da mulher na sociedade, ainda mais machista e conservadora, daqueles anos, os muitos obstáculos por elas enfrentados, sendo tratado em uma comédia sobre o repugnante universo dos espetáculos burlescos.

Contando com a presença de atrizes de grande destaque na época como Maureen O'Hara e Lucille Ball. Além de uma equipe bem preparada, como Robert Wise trabalhando na edição. Dorothy nos mostra que a fragilidade, comumente observada em melodramas da segunda metade do século XX, não faz parte da essência dessas mulhres.
Com personagens individualistas, audáciosas e de personalidades fortes, Arzner duela explicitamente a favor da igualdade entre mulheres e homens, lutando contra a submissão feminina, quebrando violentamente os estereótipos impostos pela sociedade e rompendo o típico ‘melodrama feminino’, demostrando que não é impossível transpor as barreiras tradicionais da época e que a mulher pode sim ter um amor, uma carreira, e até mesmo filhos sem precisar sacrificar-se.

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