sexta-feira, 24 de junho de 2011
"A grande ilusão", por Angélica de Vasconcelos Ribeiro de Santana
O filme A Grande Ilusão (La Grand Illusion) de 1937 é um dos mais importantes filmes franceses da história por abordar a Primeira Guerra Mundial quando ainda era conhecida como A Grande Guerra. A Europa se encontrava na iminência de mais um colapso graças às ameaças nazistas, e nesse contexto, Jean Renoir, sendo ele mesmo um antigo combatente, emerge como um pacifista. Esse filme desperta diversos questionamentos no público ao mostrar os diferentes olhares de soldados franceses numa prisão alemã.
A obra trata da guerra com grande delicadeza e, simultaneamente, com muita profundidade temática. Consegue ser antiguerra sem que o próprio combate seja o seu cenário. Portanto o foco narrativo são os personagens, suas trajetórias, individualidades e seus conceitos a respeito da guerra, mas uma coisa todos têm em comum, a certeza de que a guerra acabará logo.
Dentre os vários personagens vale destacar aqueles que representavam as antigas maneiras em comparação com a nova geração de soldados, o capitão francês Boieldieu e o comandante alemão Rauffenstein, esse último é abordado com uma leveza bastante surpreendente tendo em vista o contexto em que a película estava sendo gravada.
Há ainda os dois que conseguem escapar, Marechal e Rosenthal, que provavelmente representam as demais classes envolvidas na guerra. Para reforçar o ponto de vista do autor, perto do fim do filme surge um romance inesperado, os personagens acima citados se hospedam na casa da alemã Elsa, que se apaixona e é correspondida por Marechal.
O objetivo principal do filme é mostrar que povos diferentes podem coexistir, ou que pelo menos essa ilusão possa continuar viva, acredito que daí tenha sido concebido o nome da obra.
Por fim destaco que o filme não tem nenhum vilão sequer em toda a sua narrativa, todos são homens, e não passam disso. A guerra é então composta de indivíduos que têm histórias particulares e ainda assim respondem por suas respectivas nações, porém nem isso tolhe o ser humano único e cheio de nuances que eles são.
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