sexta-feira, 3 de abril de 2009

"Metropolis" por Evandro Mesquita


Metropolis” é um dos marcos iniciais da ficção científica no cinema. Apesar de esse gênero estar presente na história do cinema quase desde o seu início (com “Viagem a Lua”, produzido por George Méliès, sendo um dos mais lembrados dessa época), “Metropolis” veio a consolidar o gênero.


Sendo considerado, por muitos, a mais importante representação do Expressionismo Alemão, este filme é fiel a esta tendência artística que se concentrou na Alemanha entre 1905 e 1930 a qual se manifesta como a arte do instinto, da representação dramática, subjetiva, expressando sentimentos humanos. Utilizando modelos irreais, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição. Deforma-se a figura, para ressaltar o sentimento. Há um predomínio dos valores emocionais sobre a lógica. Este arranjo estético foi utilizado pelo diretor de “Metropolis”, Fritz Lang.


Em “Metropolis”, somos apresentados a uma cidade do futuro (do ano de 2026). Enquanto os operários, que são vitais para o funcionamento das máquinas e da própria cidade (representando, assim, as “mãos” da cidade), vivem nas cidades subterrâneas de Metropolis, os Mestres (que, por sua vez, são a “cabeça” da cidade) vivem na superfície.


O filme tem como tema a luta entre estas duas classes: a operária versus a dominante. Comandados por Freder Fredersen (Gustav Fröhlich), os operários são obrigados a trabalhar sem parar para que a cidade não pare. Um dia, após achar planos de uma possível rebelião nas roupas de um operário que havia morrido em um acidente, o filho de Fredersen, Johhan Fredersen (Alfred Abel), decidiu descer até a cidade dos operários, onde constatou o nível de precariedade e desumanidade em que viviam. Ele próprio experimenta um pouco dessa vida ao substituir um dos operários ficando exausto após ter de trabalhar em uma máquina com ponteiros, não vendo a hora em que as suas 10 horas de turno terminassem. E é naquele local horroroso que ele encontra a bela Maria (interpretada por Brigitte Helm), que em uma das reuniões à qual ele comparece disfarçado de trabalhador comum, vê que os planos da rebelião estão mesmo sendo levados adiante. Mas, ao contrário de que pensavam, eles querem que tudo seja feito na paz, e esperam que um mediador os ajude a fazer isso. Eles acreditam que "não pode haver entendimento entre a mão e o cérebro se o coração não agir como mediador". E é por esse coração que todos aguardam.


Contudo, os planos deles não dão muito certo, pois Freder Frederson pede ajuda a um cientista de sua confiança (interpretado por Rudolf Klein-Rogge), que está trabalhando na construção de um robô que será capaz de substituir os humanos no trabalho. Mais tarde, ele seqüestra Maria, substituindo-a pelo robô, infiltrando-o no meio dos operários para tentar causar a discórdia e sua própria destruição, mostrando assim que estes não merecem o respeito que exigem.


Como podemos ver, em sua visão do futuro, o diretor não estava tão errado, pois hoje em dia já acontece algo parecido: os trabalhadores têm que fazer com que o país não pare, enquanto que a classe mais poderosa somente desfruta de todas as regalias à custa de quem trabalha incessantemente.


Assim, “Metropolis” se confirma como um grande marco não só do Expressionismo Alemão” ou da ficção científica, mas da própria história do cinema. Percebemos que 82 anos depois, a obra de Fritz Lang, está presente em quase todas as grandes cidades de forma mais intensa do que nunca.

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