O expressionismo é, originalmente, um movimento de vanguarda surgido na Alemanha no momento em que o mundo e suas concepções artísticas passam por uma verdadeira revolução dos seus aspectos técnicos. O contexto histórico do expressionismo coincide com a instalação da República de Weimar após a perda da Primeira Guerra Mundial e da consequente assinatura do Tratado de Versalhes. Influenciados pela filosofia de Nietzsche e pela teoria do inconsciente de Freud, os artistas alemães fizeram a arte ultrapassar os limites da realidade, tornando-se expressão pura da subjetividade psicológica e emocional. Com essa nova idéia de arte as obras procuram combater a razão com a fantasia. O cinema expressionista alemão é um movimento estético grandioso que engloba os anos entre 1907 e 1926. Seu auge ocorre por volta dos anos de 1919 e 1920, vindo dessa época também um famoso e maravilhoso filme o qual seguia modelo estético da época: O Gabinete do Dr. Caligari de Robert Wiener.
A história do filme se passa em uma pequena aldeia, aonde chega o médico Caligari com o sonâmbulo que prevê o futuro Cesari. Em espetáculos populares de rua, o doutor conta que Cesari dorme em média por 23 anos e logo na primeira noite de apresentação irá acordá-lo através da hipnose. Caligari desperta o “vidente” o qual faz uma previsão pessimista para um dos espectadores: ele morrerá naquela noite. A morte acontece e passa a ser relacionada com uma série de assassinatos ocorridos no pequeno vilarejo. O médico e o sonâmbulo são logo apontados como suspeitos. Um ponto alto do filme é quando Cesari, mandado pelo seu mentor Caligari, se recusa a matar uma bela jovem da vizinhança. O final é inesperado, tem um lado ambíguo e é feito em forma de flashback (maneira não tão usada no então vigente cinema mudo da época).
Indo de encontro radicalmente ao realismo e a verossimilhança, caracteriza-se então por ser um cinema de “visões”, de “alucinações”, da criação de um universo por meio da exacerbação das formas. Por meio de violentos contrastes com o claro e o escuro, noites indistintas, composições de imagens, o filme apresenta um cenário quase que em forma de tela pintada. É possível observar o uso de cores vibrantes e de planos inclinados e isso, de certa forma, conduz o espectador ao desligamento do que é real. Observa-se nesse longa-metragem que assim como o cenário, a atuação dos personagens é feita de forma excessivamente dramática, teatral, pictórica. A maquiagem usada coloca em evidência os olhos e a boca dos atores. Todos esses componentes fílmicos ajudam na abstração do real para a qual é levado o espectador do filme, característica essa primordial do expressionismo alemão.
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