domingo, 17 de abril de 2011

"O Encouraçado Potemkin", por Túlio Lima Rodrigues


Rússia, 1905. A revolta no Encouraçado Potemkin serviu de tema para um dos mais lendários filmes da história do cinema. O Encouraçado Potemkin (título em português), de 1925, foi sem dúvidas, um grande marco na técnica e na arte cinematográfica. Dirigido por Sergei Eisenstein, o filme retrata a tensão estabelecida na Rússia que já passava por crises econômicas nos primeiros anos do século XX.

Em sua obra, Eisenstein foca em uma revolta particular na Rússia: marinheiros de um navio se revoltam pelos excessos de maus tratos que sofrem por seus comandantes. Tal fato é o início do filme, em que se torna possível ver o mau tratamento com a tripulação, além da má condição de alimentação, reforçada pela cena em que a carne dada para os marinheiros consumirem está podre, repleta de vermes.
Influenciado por tal fato, uma enorme revolta se inicia dentro do próprio navio. Numa sequência de planos abertos e close-ups, a confusão em alto mar se torna uma composição brilhante. Todos os atores e figurantes em cena são perfeitamente coreografados, reproduzindo uma cena extremamente dinâmica, inovando com o cinema da época.

Mas as cenas com ritmo frenético de multidões não ficam só na primeira parte. Com o passar do filme, podemos ver as tomadas externas da população se encaminhado ao cais para a chegada do encouraçado e o aparecimento inesperado dos soldados dando início a cena da escadaria de Odessa, a mais famosa do filme talvez. É incrível neste momento poder identificar, a partir de uma maquiagem mais leve, as expressões de dor, tristeza e indignação da população. Ao fechar o plano nessas feições, Eisenstein conseguiu retratar os sentimentos dos cidadãos de Odessa, fazendo oposição à inexistência deles nos soldados, que nem os rostos conseguimos identificar durante a película. Todos esses detalhes contribuíram para a base ideológica do filme, associada à divulgação de uma nova política que era apresentada ao povo russo.

A parte final do filme em que a tripulação está preparada para atacar um possível inimigo e depois percebe que se trata de navios aliados que os apóiam assim como a população de Odessa agora dizimada, mostra mais dinamicidade associada inclusive aos letreiros. Tal característica pode também ser analisada em todo decorrer do filme. Assim, a tripulação do Potemkin se despede com um final de esperanças em futuras melhorias.

Por isso, ao fazer um filme que retratasse a história, inegavelmente, Eisenstein conseguiu fazer parte dela, ao trazer para a tela uma preocupação com a montagem e uma sensibilidade primordial nas cenas coletivas extremamente planejadas e bem executadas. Acima de tudo, produziu um cinema que até hoje é referência e objeto de estudo pelo cinema mundial.

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