domingo, 17 de abril de 2011

O Princípio do Cinema, por Angélica de Vasconcelos Ribeiro de Santana



O mundo vivia um período agitado, a eclosão da Primeira Guerra Mundial, o nascimento do polêmico movimento Dadaísta em Zurique, o surgimento da Teoria da Relatividade de Newton. Em meio a tudo isso uma nova forma de expressão artística, que iria além do imaginário da época, começava a dar os seus primeiros e pequenos passos rumo a uma história permeada de descobertas e encantos.

Como seria possível imaginar uma arte que provém de uma máquina? Até então toda a forma de arte era quase orgânica, proveniente de experiências humanas impossíveis de serem datadas como a música a pintura e a dança, ou uma evolução de algo que já era conhecido há no mínimo milhares de anos, como o teatro e a literatura.

Num contexto de Revolução Industrial, as novas invenções eram recebidas pelo público com certo deslumbramento. Entre 1825 e 1895 diversas invenções “profetizaram” a chegada do filme, as exibições dessas eram dadas em feiras num ambiente quase circense. Em certos aspectos é bastante válido comparar o Cinema e o Circo. Assim como o Circo o Cinema foi uma forma de entretenimento abraçada pelo proletariado e subjugada pela classe rica.

Ainda nesse paralelo, vemos o aspecto itinerante das gravações e exibições fílmicas do primeiro Cinema, que viajava com os seus técnicos e equipamentos prontos a registrar a vida cotidiana a reapresentá-la de volta a seus personagens de forma relapsa.

A exibição nos Vaudevilles reforça essa ideia de show, de espetáculo. Esse ambiente era acolhedor ao público e propenso para apresentações variadas, logo os Lumiére viram nisso uma oportunidade de conquista de audiência. A primeira exibição foi no Gran Café em Paris, em 1895. Mas o local escolhido para a exibição não foi o único motivo para o sucesso dos Lumiére, o seu equipamento era mais leve e prático já que filmava e reproduzia, diferente das invenções de outros, como Edison com o Vitascópio e Kinetoscópio.

Esse novo mecanismo artístico apesar de estar baseado no que seria mais uma nova tecnologia da época, mostrou que também tinha algo de orgânico, de involuntário que se desenvolveu progressivamente na história. Falando estritamente da cinematografia Lumiére, se vistos os seus filmes em ordem cronológica, é possível notar um impulso inconsciente que levava o operador a pensar com cada vez mais cuidado onde posicionaria a câmera e qual seria o quadro a ser filmado. Esse impulso foi o gérmen natural da linguagem cinematográfica.

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