sexta-feira, 3 de abril de 2009

"Viagem à lua" por Ruana Pedrosa


Sentada na cadeira esperava por um filme monótono e pitoresco, algo que me faria bocejar e levantar no meio da sessão. Minha primeira impressão foi de que estava assistindo a primeira versão de Harry Poter onde Dumbledore iria visitar a lua. Minhas impressões foram mudando ao longo da história e pude entender o porquê do sucesso daquele filme quando lançado, como deveria estar a mente dos espectadores ao ver efeitos tão interessantes e seres alienígenas nunca antes apresentados na telona?


Considerado um dos primeiros filmes de ficção científica, Viagem à lua de George Melies, chega a ser surpreendente por ser feito em 1902. Ao adaptar a obra de Júlio Verne “Da terra à lua” de 1865 para o cinema, Melies utilizou recursos como o ilusionismo para os efeitos especiais da película.


Narra à inusitada história de pesquisadores que decidem ir à lua, seis deles embarcam numa cápsula que é lançada a lua por um canhão. Ao chegarem ao seu destino encontram uma paisagem deserta que em alguns momentos lembra uma floresta. Ainda chegam a encontrar habitantes que os atacam e os levam ao seu rei, os pesquisadores retornam a terra fugindo. Tudo é tratado como um grande acontecimento no filme, as pessoas vão vê-los partir e esperam eles chegaram com uma grande festa.


As cenas mostram o estilo totalmente teatral de filmar os planos são sempre gerais e lembram trocas de cenários de atos de peças. O filme foi apresentado com uma explicadora, já que na época o cinema era mudo e seria um pouco difícil entender a viagem de Melies. O diretor ou faz-tudo do filme, já que tanto fez os efeitos, quanto o cenário e tantas outras partes da película, era mágico e quando foi apresentado ao cinema percebeu que poderia mostrar sua arte para um público maior.


O filme revolucionou pelo simples fato de diferenciar da realidade mostrada nos filmes dos irmãos Lumiére, era algo novo, a ficção que só ocorreria na realidade 67 anos depois, quando o homem realmente pode pisar no satélite natural da terra. Mas os personagens ainda não são analisados individualmente, sem nome, sem personalidade, mas nada que incomode ao ver a obra.


Os cenários, figurinos e objetos cênicos são bem criativos, diante da precariedade da época. A utilização de uma torta para representar a lua, chega a ser muito engraçado.
Não há movimentação de câmera, mas há inovações como a sobreposição de cenas. O filme segue uma ordem lógica com início, meio e fim, apresentados nesta ordem e a montagem é bem coerente.


Quando falo que o filme é mudo e preto e branco, muitos dizem que deve ser horrível, mas nem a cor e muito menos o som fazem falta neste grande passo cinematográfico de Melies. O filme deve ser assistido e apreciado como a demonstração de que no cinema o que importa é a beleza das imagens.

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