domingo, 7 de junho de 2009

"Todos deveriam Cantar na chuva!" por Vitor Lima


Envolvido por uma aura completamente mágica, o filme Cantando na chuva (dirigido por Stanley Donen e Gene Kelly) consegue trazer muita admiração, podendo até ser considerado mais do que cinema, um conjunto de artes: um sarau!

Com atuações bastante interessantes, desde Debbie Reynolds, com seu tom apaixonante e ofensivo, até Jean Hagen, que nos traz uma “vilã” bastante engraçada, tomando muitas vezes a cena (tanto é que foi a única indicada ao Oscar por esse filme), o longa se sustenta bastante bem, pois consegue o seu maior objetivo, que é entreter o público, através de um humor sadio, tentando concorrer com a televisão. Mas não é só em atuação, de forma alguma, que o filme se torna tão envolvente, sendo sincero a história e a interpretação só realmente conquistaram o público pela forma que foram feitas, ou melhor, por ter verdadeiros espetáculos musicais, principalmente nas cenas que o grande astro do filme aparece: Gene Kelly.

Mesmo muitas vezes parecendo teatral quando o assunto é sua interpretação, Gene consegue fazer o espectador esquecer esse “defeito”, pois no momento em que ele começa a dançar, muitas vezes cantando, o espetáculo é tão genial, com passos dificílimos (que ele, na verdade, parece fazê-los com a maior facilidade, o que faz com que a cena seja ainda mais impressionante), que se torna impossível haver alguma reclamação a sua presença no filme. O “estrago” só se torna maior quando Donald O’Connor divide a cena, ai, sim, está um problema, pois os dois apresentam tanta sintonia, mostram que realmente sabem cantar, dançar e atuar que qualquer aspirante a uma das três profissões fica de “queixo caído”. Por isso afirmo que todos deveriam compartilhar dessa boa energia, dessa alegria e desse humor, todos deveriam cantar na chuva, e, até engolindo o orgulho masculino, ouso dizer, ainda, que todos deveriam ser uma vez na vida Gene Kelly!

Além do enorme talento que possuem os atores, a história é bastante curiosa, pois conta, mesmo que de forma bastante engraçada, a transição do cinema mudo para o cinema falado, evidenciando os anseios, as dificuldades e os preconceitos que aconteceram na época dessa mudança (década de 20). Ainda há no enredo uma crítica bastante interessante, e hilária, à influência da mídia, no filme representada pelas revistas de fofoca, sendo evidenciada por Lina Lamont (Jean Hagen) acreditar que Don Lockwood (Gene Kelly) está apaixonado por ela e que eles vivem felizes só porque ela leu sobre isso, e durante todo a trajetória dos dois ela alimenta essa relação que na verdade nunca ocorreu. Mas, voltando à história em si, também não se pode negar que exista uma parte clichê, a paixão à primeira vista entre Don Lockwood e Kathy Selden é muito irreal, entretanto, da mesma forma que a grande influência teatral de Gene Kelly é esquecida no contexto do filme, esse amor repentino também o faz, pois, o que para outras histórias poderia atrapalhar, nesta simplesmente aparece como um pequeno deslize, mas que o geral consegue muito bem suplantar.

Por ser uma mega-produção de 50, especificamente 1952, e ainda um musical, o filme realmente se utiliza do exagero, havendo muitas cores nos figurinos, um plano de maquiagem bastante trabalhado, muitos atores em cena, coreografias bem feitas, realçadas a partir dos planos abertos tão presentes no filme.

Assim, por estar evidente a dança, o canto e a atuação de forma tão magnífica e com tanta harmonia, o filme consegue preencher imageticamente o espectador e encher-lhes os olhos, chega a ser uma explosão de expressão, emoção e admiração, por isso que Cantando na Chuva foi, e ainda é, um grande sucesso, sendo considerado o melhor musical de todos os tempos.

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